sábado, 5 de março de 2011

Sede de Viver


Deixa-me procurar o que desejo,
erguer para alguém que passa o meu sorriso
e ouvir depois o que tem para me dizer.


Porque sim, é verdade!,
de alguém ao meu lado eu preciso,
pois se não sinto o Inverno chegar
num silêncio calmo e demorado
que eu sei não ser capaz de suportar.

Deixem-me à solta por aí,
riscar de uma vez só
o papel onde ninguém ousa escrever,
rir com gosto de um condenado
de um pobre ou de um morto
e ouvir falar de mim tão mal
que me ferissem as palavras os ouvidos.

Deixem-me acompanhar as aves do céu
no seu voo livre por entre o vento,
beber alegremente de um só trago
a coragem de ir sempre mais além,
gritar até rouca ficar a voz
e nunca ter vontade de olhar para atrás.

Deixem-me cair, rasgar a pele,
limpar do chão o vermelho do sangue
e imprimir no meu coração ao acaso
um sentimento agudo de dor
que eu não seja capaz de aliviar.

Deixem-me errar um verso
no poema porventura mais belo,
e não me lembrem depois mais nada
se ao fim de tudo me apetecer chorar.

(há dois anos este poema foi dedicado a uma amiga para que ela nunca desista...)