domingo, 28 de novembro de 2010

De Repente Sem Ti



de repente passou a custar
não te ouvir,
pressenti a tua ausência
e doeu,
tão depressa estavas no meu peito
como não,
tão depressa eras tudo para mim
e eu teu,
e assim foi ver-te fugir
(penso eu),
e depois esta dor sem jeito
que ficou,
agora sem ti por perto
o que sou?

de repente passou a custar
existir...

domingo, 21 de novembro de 2010

Fados Imperfeitos (III)


Eu queria abraçar a noite e esquecer

este dia e os outros sempre iguais,
as vozes e os sabores tão banais
com que sinto esta vida se perder.


Eu queria de repente adormecer
nas vagas que abraçam os areais,
nelas sorrir, sonhar e tudo o mais
que fosse preciso para renascer.

Eu queria ser eterno no meu ser
e respirar para sempre, sem finais,
mas não passo de um barco junto ao cais
que me leva a vida e traz para morrer.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

[PARÊNTESIS] – há dois anos


Cada vez que eu fecho os olhos, o tempo à minha volta é branco. Esvazio toda a existência da sua cor e finjo nessa escuridão ser alguém a querer lembrar-se do que viu e do que sentiu para tentar não o esquecer.



Quase sempre o mundo parece-me mais bonito do que aquilo que efectivamente é. O engraçado é que nunca desenho o tempo e o espaço onde não estive. Eu pertenço a todas as cores com as quais escrevo a vida de olhos fechados. Mas quando os abro, invade-me uma tristeza parecida com a solidão.

Estarei só?...

Cada vez que eu fecho os olhos faço deslizar uma pequena linha escura por entre os espaços dessa tela branca e descubro a liberdade que me trazem as palavras, os pontos e as vírgulas de tudo quanto quero explicar e sentir. É incrível como o tempo passa e eu não deixo de te sonhar!

E continuarei a amar assim, até não haver mais nada por que valha a pena viver!...