Minha estrela,
O sol ainda não era Sol, e já tu eras hoje a única luz da minha existência.
Tu me encontraste nesta noite e me roubaste um beijo à beira do caminho, de tal forma que o fogo desse momento desfez em cinzas o meu passado, e nesse único instante perto de ti eu tive justificada para sempre a minha vida.
Como posso eu saber se é amor esta vontade de te pertencer, se até hoje não havia entre nós nada mais que o infinito?... Será que a dor desta inquietude que abrasa o meu coração, representa apenas o espiríto de um sonho efémero que não é meu?... Mas se for isso, como posso eu justificar o desejo que me impele para este abismo de te querer?...
Eu vou renascer!... Vou entregar ao vento o sopro desse desejo como redenção deste castigo que o destino me legou ao te afastar de novo de mim. Ficarei perto deste caminho por onde começa e acaba a minha vida, e escreverei nas suas veredas todas as palavras de amor que não tive tempo de te dizer. Estas palavras vão te encontrar tão longe!... Por que tiveste de partir sem saberes o quanto te podia amar?...

Eu quero pensar que vais voltar. E se vieres à minha procura e ainda me ouvires, é por que já me encontraste dentro de ti!... Fecha os teus olhos, e no breu dessa escuridão eu serei a luz que ilumina essa ausência.
Amanhã o sol já não será Sol para mim, mas tu não deixarás de ser a minha estrela da manhã.